sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Reflexões acerca do aborto no Brasil - Questionamentos

Há um tempo atrás, após um email de protesto contra as constantes investidas da ONU (Organização das Nações Unidas) na tentativa de promover o aborto no mundo, recebi uma resposta de um colega, cheio de protesto. Vou preservar o nome dele, mas vou mostrar seus comentários, pois creio que sejam questões que várias pessoas se fazem ou serão colocadas à prova.


(...) a idéia geral do texto, pelo que entendi, é dizer que existe toda uma agenda dos grupos pró-aborto, pra fazer o aborto ser liberado. E não consigo ver o que há de mal nisso. Claro, eu sou a favor da descriminalização do aborto. Mas você pode pensar num paralelo com os direitos dos homossexuais. Não vai ser da noite pro dia que o congresso vai falar: "beleza! Vamos tornar crime o preconceito contra homossexuais!". Isso não vai acontecer. O terreno tem que ir sendo preparado aos poucos.

Os trechos que cita documentos da própria ONU, não vejo nada de errado. Se muitas mulheres morrem em algum país por conta de abortos ilegais, algo tem que ser feito. A maioria dos trechos que o texto coloca são coisas como "políticas para rever as leis". Se tem alguma merda acontecendo num país em algum assunto específico, eles não podem fingir que não está acontecendo nada...

Reflexões acerca do aborto no Brasil - Respostas


Fiquei feliz ao ler seu texto, boas colocações, apesar de não concordarmos na maioria delas. Pois bem, achei justo respondê-lo de maneira o mais sincera possível, ainda que possa chocá-lo, por isso, vou precisar mais que algumas linhas e acho que nada do que será escrito aqui substituiria uma boa conversa.
Logo no início do seu texto você critica a falácia da opinião majoritária. Acho válido o que você colocou, apesar de achar os seus exemplos pouco felizes, pois as minorias que você cita têm direitos garantidos por lei, advindos de um estado democrático (“A ditadura da maioria”). A questão levantada: seria o aborto um direito, uma questão de saúde pública, ou como está: um crime? Vou preferir me restringir ao caso do Brasil, já que aqui é onde a gente vive e é aqui onde uma possível mudança na legislação pode acontecer em breve.
Acho que para falar de aborto eu tenho que expor meus princípios, pois ainda que eu contrarie uma opinião alheia, posso ser entendido em minhas convicções. Primeiro vou falar um pouquinho de questões feministas em relação ao aborto, depois vou discutir a implicação da definição do momento que se inicia a vida numa perspectiva moral. Falo ainda, brevemente da questão da mulher e finalmente vou coloco a questão da mortalidade das mulheres devido aos abortos clandestinos, questionando alguns dados apresentados.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Catequese do Papa Bento XVI sobre Santa Teresa de Jesus


Boletim da Sala de Imprensa da Santa Sé
(tradução de Mirticeli Medeiros - equipe CN Notícias)



Caros irmãos e irmãs,


Depois do ciclo de catequeses que quis dedicar aos padres da Igreja e às grandes figuras de teólogos e mulheres da era medieval, eu quis concentrar-me, desta vez, sobre alguns santos e santas que foram proclamados doutores da Igreja por causa da elevada doutrina deles. Hoje, gostaria de iniciar uma breve série de encontros para completar a apresentação dos Doutores da Igreja. Começo com uma santa que representa um dos vértices da espiritualidade cristã de todos os tempos: Santa Teresa d'Ávila (de Jesus).

Ela nasceu em Ávila, na Espanha, em 1515, com o nome de Teresa de Ahumada. Na sua autobiografia, ela mesma menciona alguns particulares da sua infância: o nascimento e a educação por parte de pais virtuosos e tementes a Deus, no interior de uma família numerosa com nove irmãos e três irmas. Ainda criança, com menos de 9 anos leu a vida de alguns mártires que a inspiraram o desejo do martírio, tanto que chegou a improvisar uma breve fuga de casa para morrer mártir e subir ao céu (cf. Vida 1,4).

“Quero ver Deus”, disse a menina aos seus pais. Alguns anos depois, Tereza falará das suas leituras de infância e afirmará ter descoberto a verdade, que se resume em dois princípios fundamentais: de um lado “o fato que tudo aquilo que pertence ao mundo daqui, passa”; do outro, que somente Deus é para sempre, sempre, sempre, tema também presente na famosíssima poesia “Nada te perturbe, nada de amedronte, tudo passa, Deus não muda, a paciência alcança tudo. A quem tem Deus nada falta, só Deus basta". Teresa, que ficou órfã aos 12 anos, pede à Virgem Santíssima que seja a sua mãe (cf. Vida, 1,7).